Ontem, assistindo ao programa Roda Viva da TV Cultura, o Dr. Atila Lamarino, Biólogo, especializado em Virologia e excepcional pesquisador científico, ouvi um comentário feito por ele que me chamou a atenção. Ele disse: “não podemos confiar nas redes sociais”. Não ficou claro se ele estava falando “não podemos” para o grupo ao qual ele pertence ou fazendo um alerta para os telespectadores.
Claro que ele como cientista, deve ter como fontes os principais periódicos científicos de sua área de estudo, mas mesmo as redes sociais são canais dessas fontes de pesquisa. O Twitter, por exemplo, é maravilhoso para se informar em tempo real.
Creio que todos concordam que as redes sociais são o canal de propagação, o meio, e não a mensagem. A mensagem é de responsabilidade de quem publica nesses canais. O que vai diferenciar o conteúdo da mensagem que você consome é a curadoria de conteúdo. Por sua vez, quem seleciona o que será consumido, são as pessoas. Então, o problema não está nas redes sociais, na Internet, na tecnologia e sim em quem se utiliza dela e como se utiliza.
A curadoria de conteúdo, ou seja, escolher o que você vai consumir, envolve responsabilidade, critério, conhecimento, crítica e educação midiática para se blindar de fake news.
Como ninguém aprendeu essas disciplinas na escola e na vida e a Internet chegou como se fosse um novo brinquedo, a maioria fica em grupos de whatsapp consumindo muito conteúdo (se é que dá para chamar de conteúdo) de baixíssima qualidade e muitos dos conteúdos que viralizam acabam sendo fake news.
A fake news não são apenas notícias falsas, mas também uma notícia desatualizada ou fora de contexto. Um exemplo é um vídeo do Dr. Drauzio Varella da semana do Carnaval que foi publicado no início da pandemia no Brasil , dando a impressão de que ele estava sendo irresponsável com sua fala pouco cautelosa em relação ao que estava por vir.
Sempre achei que a notícia publicada originalmente na web deveria vir acompanhada de data, mas a Internet é democrática e se supõe que todos devam utilizá-la de forma responsável. Um conselho sobre como consumir conteúdo de redes sociais de forma responsável é buscar páginas de fontes primárias (onde nasce a informação).
Nesse período de quarentena, estamos convivendo com muitos internautas novatos, que não costumam se atualizar pelas redes sociais, publicando conteúdos antigos como se fossem novos. Muita paciência nessa hora, mas é preciso alertá-los de que eles estão sim publicando uma fake news.
Semana passada o Twitter bombou com uma nota de uma jornalista do Valor Econômico afirmando que o presidente estava negociando sua saída em troca da imunidade jurídica de seus filhos. O que fazer diante dessa informação? O correto seria ir nas fontes primárias (Congresso Nacional) e aguardar uma confirmação oficial e se for compartilhar, alertar seus seguidores para a fonte de informação que você utilizou.
Também já vimos muitos jornalistas de peso dando barrigada e ter de pedir desculpas por acreditar em “suas” fontes. Nesse período de pandemia, muitos famosos já morreram e renasceram através das notícias.
Então, para nos protegermos minimamente e termos mais responsabilidade em momentos de pânico como o que estamos vivenciando, aproveite a quarentena para estudar sobre educação midiática e curadoria de conteúdo e faça boas escolhas ao se informar nas redes sociais. Elas são maravilhosas e praticamente todas as fontes primárias estão em diversos canais, mas podem ser até fatais se você não seguir algumas regras básicas de compartilhamento e publicação de conteúdo em seus posts.