Mínima Consultoria Viável (MCV): o caminho para a inovação?

Metodologias Ágeis

Gosto de escrever quando tenho um insight, pois assim surge um tema movido pela paixão e não pela obrigação de cumprir metas.

Há alguns dias minha empresa participou de algumas rodadas de negócios e observando as empresas que apresentavam soluções e aquelas que buscavam resolver seus problemas, me dei conta de que quase não há inovação na prestação de serviços de consultores. Você se apresenta, troca cartão, fala um pouco da empresa e, se impressionar, te pedem uma proposta. 

Aí você busca aquele template básico, preenche os dados do prospect e coloca os valores com sua margem de lucro (risco todo do cliente) sem se comprometer com entregas mínimas no menor prazo possível e sem se dispor a ser parceiro e assumir mínimos riscos viáveis. 

Claro que é uma generalização, mas é fato que as organizações buscam outro tipo de comprometimento das consultorias e aí então vem a pergunta: o que seria uma consultoria mínima viável?

No dia seguinte estava na Avenida Paulista em São Paulo com um parceiro, caminhando em direção ao metrô após almoçarmos e conversávamos sobre Metodologias Ágeis. Apenas para contextualizar, as metodologias ágeis começaram a ser utilizadas com Scrum no desenvolvimento de software, mas ampliaram sua prática para todo o tipo de projeto e hoje o próprio PMBOK (a bíblia do gestor de projetos) começa a incluir metodologias ágeis em suas práticas.

Falávamos sobre faseamento de projetos, entregas rápidas e os desafios da consultoria no meio de toda essa turbulência pela qual estamos passando no Brasil. Dizia para meu parceiro: sinto que está difícil de prometer entregas.

As organizações estão me parecendo céticas e cansadas do mais do mesmo. Qual a brecha para a inovação na nossa área de serviços de consultoria?

Se pegarmos um gancho com as Metodologias Ágeis, conseguiremos uma performance “out of the box?” E aí, quando fiz essa pergunta, me veio o título deste artigo e comecei a imaginar um outro tipo de proposta. Eram 14h e estava sob um sol escaldante e aí acho que meu tico e teco quase entraram em curto circuito: é isso! Precisamos propor algo inovador e de impacto, assumindo algum risco para ganhar confiança a partir de uma entrega e não do portfólio de realizações (questionáveis).

Embora sejamos todos os sócios seniores, nossa empresa é nova no mercado e foi constituída na forma de uma cooperativa de trabalho, o que por si só já é inovador na Consultoria. Mas vários conceitos vindo do mundo Agile, podem ser o “pulo do gato”. Essa pode ser uma forma diferenciada de nos envolvermos com o cliente e inovarmos na relação consultor x cliente. Parece óbvio, mas exige metodologia e acompanhamento constante para não perder os sprints (fases) de vista e não desviar do foco, algo comum quando começamos um projeto que tem um tempo mais longo.

No mesmo dia me deparo com o artigo do parceiro Enio Klein no LinkedIn: Como aplicar a transformação digital em serviços de consultoria, alertando para a necessidade das consultorias inovarem e propondo nos aprofundarmos no conceito de Human Cloud, que traz em si o modelo de hierarquias rompendo continentes. As consultorias podem e devem explorar esse modelo para qualificar seus serviços. Devemos desenvolver habilidades para buscar competências em qualquer parte do planeta. Semelhante ao trabalho de um headhunter, porém com uma curadoria mais sofisticada, mais proativo e com faro fino.

Comecei a exercitar esse raciocínio através dos inúmeros projetos executados até então e me dei conta do quanto poderia ter surpreendido ao invés de perseguir o Ótimo. A máxima que o ótimo é inimigo do bom cai como uma luva nesta reflexão. Os sistemas são dinâmicos, os cenários econômico-políticos mais ainda e o momento pede compreensão, paciência, competência e agilidade.

Não há tempo para esperar resultados. Precisamos nos comprometer, prometer e entregar, mas como prestar serviço e entregar um produto em tão pouco tempo?

Como atuamos num universo amplo de soluções organizacionais, a dificuldade na entrega depende da complexidade e necessidades do cliente, mas acreditamos sim, que qualquer grande projeto pode ser faseado em inúmeros pequenos projetos que possam ir mostrando um caminho, envolvendo a empresa, ganhando confiança e apoio do cliente. Basta descobrir o tamanho do risco disposto a correr e a menor entrega em um menor tempo possível.

Vamos refletir e debater um pouco sobre inovação em Consultoria? Qual a sua experiência?

Renate Land

Especialista em Gestão de dados, Informação e Documentação; Gestão de conteúdo: Assessora digital; Docência.

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